Não se pode negar a experiência do agronegócio brasileiro, que nos últimos 40 anos, saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuária. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu-se consideravelmente e o país se tornou um dos principais players do agronegócio mundial. A trajectória recente da agricultura brasileira é resultado de uma combinação de factores, mas o grande diferencial nestes últimos 40 anos foram os investimentos em pesquisa agrícola - que trouxe avanços nas ciências, tecnologias adequadas, inovações e redução do custo de produção -, a assertividade de políticas públicas e a competência dos agricultores empenhados em fazer o agronegócio dar certo. O caso da cultura da soja é um bom exemplo de como a tecnologia pode transformar a produção agropecuária. Os primeiros cultivos comerciais surgiram na década de 1960, no Rio Grande do Sul, especialmente por uma razão climática: a soja é uma planta de regiões frias e os cultivos no mundo se limitavam às proximidades do paralelo 30, que no Brasil passa por Porto Alegre. Cultivar soja em outras regiões do país era um desafio biológico e tecnológico. As respostas surgiram depois de anos de pesquisas realizadas pela Embrapa, por universidades, por instituições estaduais de pesquisa agropecuária e, mais tarde, pela iniciativa privada. Com técnicas de melhoramento genético, foram desenvolvidas plantas de soja adequadas às condições de solo e clima do Brasil. Eram cultivares menos sensíveis aos dias longos e mais tolerantes às pragas do clima tropical. Outra contribuição radical tem relação com a correcção e adubação dos solos. As pesquisas apontaram os caminhos para optimizar o uso de correctivos e de fertilizantes, permitindo o plantio nos solos de Cerrados (também conhecido como solos de savana), até então considerados improdutivos. Foi justamente nessas áreas que a soja ganhou terreno na agropecuária nacional. Angola tem dados seus primeiros passos ruma a agricultura de grande escala, mas sofre pesadamente as consequências da falta de pesquisas agronómicas, variedades adaptadas ao país e mão de obra qualificada. Actualmente Angola tem três principais opções de importação de sementes de soja, sendo originarias do Brasil, Tanzânia e África do Sul.
Mas qual é a importância da origem dessas sementes e como isso pode influenciar os níveis de produção? Entenda a seguir: A partir da primeira folha verdadeira (V1) a soja começa a perceber os estímulos do fotoperíodo (tempo de exposição à luz que as plantas recebem a cada dia). Esses estímulos induzem a soja a se preparar para florescer. Se a variedade não for correctamente escolhida, a soja pode florescer muito jovem e ficar com baixa altura, produzir menor quantidade de folhas e consequentemente uma menor produção por área. Num outro extremo oposto, se a variedade não for escolhida correctamente, de acordo com a latitude adequada para a área onde será plantada, a soja poderá demorar mais tempo para florescer, aumentando demasiadamente o tamanho da planta, correndo o risco de tombarem com o vento e ficarem no chão, o que irá gerar perdas durante a colheita. Portanto, pode parecer mero regionalismo, mas a agricultura mostra que a escolha certa das variedades influencia drasticamente nos lucros da actividade agrícola e nesse quesito as variedades brasileiras se destacam em relação as outras, pois a região de maior produção de soja no Brasil, está na mesma latitude de Angola, como pode ser observado na imagem abaixo.
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